A Convenção Estadual das Igrejas Evangélicas Assembleias de Deus no Maranhão (Ceadema) lançou, na última quarta-feira (19), uma nota de repúdio contra a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA). A mensagem foi publicada após ela declarar apoio ao candidato Luís Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das Eleições 2022 e ajudar na elaboração de uma carta pública de Lula ao povo evangélico.
Segundo a Convenção, a senadora, que é evangélica, filha de pastor e membro da Assembleia de Deus no Maranhão, está em “discordância com o posicionamento da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB) e da Ceadema", que declararam apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL).
A nota de repúdio foi publicada após o ex-presidente Lula buscar apoio da senadora Eliziane Gama para tentar combater a disseminação de fake news contra o petista entre os evangélicos por meio da criação de um comitê focado no segmento.
Nesta quarta, Lula divulgou uma carta destinada às lideranças de igrejas evangélicas, na qual critica o uso eleitoral da fé, defende a liberdade religiosa e reforça ser contra o aborto. O documento, que não faz referência ao adversário de Lula na disputa presidencial, Jair Bolsonaro, foi elaborado com a articulação da senadora Eliziane Gama, da deputada eleita Marina Silva (Rede-SP) e da deputada reeleita Benedita da Silva (PT-RJ), que também são evangélicas.
A carta foi lida nesta quarta, por Gilberto Carvalho, ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência, durante evento com lideranças de igrejas evangélicas em São Paulo (SP). Eliziane Gama esteve presente no evento e discursou.
“O evangelho da cruz, que é o evangelho que nós pregamos, não é o evangelho de ódio, ele é um evangelho de paz. O evangelho da cruz, que nós pregamos, não é o evangelho da intolerância, ele é o evangelho da tolerância. O evangelho da cruz, que nós pregamos, é, sobretudo o evangelho do perdão, é o evangelho da ressocialização. O evangelho da cruz é esse evangelho, não é o evangelho que divide a sociedade brasileira, não é o evangelho que prega a tortura”, declarou durante evento de leitura da carta compromisso com os evangélicos.
De acordo com nota de repúdio da Ceadema, Eliziane, desde o início de seu mandato de senadora, tem dado 'sinais claros' da falta de compromisso com a Convenção, inclusive com os termos assinados por ela, quando lançou a pré-candidatura ao Senado pela Ceadema, que entre outras coisas, deveria se posicionar contra a doutrinação de política de esquerda.
No dia 6 de outubro, a Convenção Estadual das Assembleias de Deus no Maranhão já havia lançado uma nota de apoio à reeleição de Bolsonaro (PL) à presidência da República. No documento, a Ceadema afirmou que o atual presidente defende ideais que “dialogam com princípios e valores defendidos pela igreja de Cristo Jesus”.
Quem é Eliziane Gama
Eliziane Gama ocupou o cargo de deputada estadual no Maranhão de 2007 a 2014, pelo Partido Popular Socialista (PPS). De 2015 a 2019, ela foi deputada federal, também, pelo PPS, tendo passado, anteriormente (2015 a 2016), pela REDE.
Em 2012 e 2016, Eliziane se candidatou à Prefeitura de São Luís, pelo PPS, mas não se elegeu em nenhum dos pleitos.
Já em 2018, Eliziane, ainda filiada ao PPS, conseguiu se eleger como senadora pelo Maranhão, mudando de partido em 2019, quando foi para o Cidadania.
Durante o segundo turno das Eleições 2018 para a presidência, o partido dela, que ainda era o PPS, não apoiou nem Bolsonaro, que era do PSL na época, nem Fernando Haddad (PT), por considerar que os dois projetos de governo ‘flertavam’ com didaturas.
No entanto, como a senadora eleita pertencia ao grupo de Flávio Dino (PSB), reeleito governador no Maranhão pelo PCdoB nesse ano, ela teve que declarar apoio ao petista Haddad, sendo censurada pela cúpula da Assembleia de Deus, que preferia Jair Bolsonaro.
Em 2022, o Cidadania apoiou, no 1º turno, a candidata do MDB à presidência, Simone Tebet. No segundo turno, tanto Tebet quanto o Cidadania decidiram apoiar Lula para a presidência, a decisão foi acompanhada por Eliziane Gama, que usou as redes sociais para afirmar o apoio do Cidadania no Maranhão ao petista.
"Como presidente estadual da Federação PSDB Cidadania, encaminhei posicionamento favorável a decisão do grupo político por entender que é o melhor para o Brasil neste momento. Os dirigentes partidários do PSDB e Cidadania destacam que a decisão é fruto do compromisso assumido por Lula como o fortalecimento da democracia, combate à fome, geração de emprego e renda, proteção do meio ambiente, retomada do crescimento econômico e dos programas sociais como o 'Minha Casa Minha Vida'", declarou a senadora.
Além da decisão do partido de Eliziane, ela também faz parte, no Maranhão, do grupo comandado por Flávio Dino e Carlos Brandão, ambos do PSB, que declararam apoio a Lula nos dois turnos.
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