Na correria do dia a dia, dividindo o tempo entre o trabalho, estudos e lazer, por vezes não sobra espaço para certas tarefas, como fazer compras. Os shoppings centers têm sido uma opção de alguns para driblar a falta de tempo e consumir bens e serviços em horários diferenciados, que abrem aos sábados e domingos. Outra parcela se mostra a favor do oferecimento de serviços do comércio na modalidade 24 horas, a exemplo do que ocorre em algumas redes de farmácias.
A discussão gira em torno do funcionamento dos supermercados nesta modalidade, o que é defendido pelos sindicatos da categoria e patronato, justificando que há demanda e condições do setor; e pelo sindicato da categoria, que garante ser de interesse dos funcionários. “O sindicato apóia, mas sem que haja exploração do trabalhador”, ressaltou o presidente do Sindicato dos Comerciários (Sindcomerciarios), Edmilson Santos.
A medida seria executada a título de experiência e com alteração na jornada de trabalho, segundo propôs Santos em uma das reuniões com o empresariado. “Mas eles não aceitam rever a jornada e nós não vamos firmar um compromisso que não contemple o trabalhador”, justifica o presidente do Sindcomerciários. Ele denuncia que há estabelecimentos que não cumprem com alguns direitos, a exemplo da hora extra e a jornada. Ainda casos em que o funcionário bate o ponto e volta ao trabalho até o fechamento da loja. “Temos reclamação de trabalhador que estava em serviço no domingo e escalado para o dia seguinte, ou seja, não lhe foi dada a compensação e o descanso”.
Os sindicatos envolvidos concordam que a medida vai ampliar as vagas de trabalho e impulsionar a economia local, mas a ideia encontra barreira quando o assunto é a jornada a ser cumprida. Patrões defendem a manutenção da jornada atual de 40 horas semanais - prevista na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e em Convenção Coletiva - com pagamento de horas extras, nos casos cabíveis. Já o sindicato da categoria sugere a redução para 30 horas semanais, gerando assim quatro turnos diários de trabalho. Para o patronato, esta alteração significa aumento dos custos tornando inviável a implantação da medida. “São muitas exigências do sindicato da categoria e que, ao pesarmos na balança, vimos que traria prejuízo ao empresariado e obrigaria a demissões”, justifica o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios de São Luís (Sincovaga), Manoel Barbosa.
Segundo Barbosa, a capital ainda não tem uma cultura de funcionamento de comércios à noite, porém, diz que há demanda. “Se o serviço for oferecido, a população com certeza vai usufruir”, prevê. A estratégia, segundo ele, seria iniciar aos poucos, com uma loja por grupo, acostumando a população ao novo horário do serviço. Barbosa aponta já ter feito várias tentativas para chegar a consenso com o Sindicato dos Comerciários. o presidente do Sincovaga.
O principal ponto discordante é a jornada de seis horas sugerida pelo Sindicomerciários, que, na avaliação de Barbosa, “é impensável e inviável para o segmento”. Edmilson Santos, do Sindcomerciários pontua que, apesar dos impasses, este não é um assunto descartado, mas qualquer discussão nesse sentido será apresentada à categoria e decidida em assembléia. O funcionamento destes espaços é comum em grandes cidades do país, a exemplo de São Paulo, Rio de Janeiro e Belém.
Com informações J. O Imparcial