O vigilante Daniel Justino Chaves, de 28 anos, foi condenado na última quarta-feira (28) a 14 anos de prisão por matar a matar a companheira após comemoração no Dia dos Namorados, em Goiânia. A caixa de supermercado Katiane Rodrigues, de 22 anos foi morta esganada, em 2016, na casa em que moravam juntos. Segundo as investigações, o crime teria sido motivado por ciúmes.
A defesa de Chaves tentou desqualificar a tese de feminicídio, alegando que o vigilante tentava se defender de uma agressão da mulher quando cometeu o crime. A tese, porém, foi rejeitada pelos jurados.
A sessão aconteceu no auditório do Fórum Cível, no Park Lozandes, presidido pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara, da 3ª Vara dos Crimes Dolosos contra a Vida e Tribunal do Júri. O magistrado decidiu que o jovem poderá aguardar o trânsito em julgado -- quando não se pode mais recorrer -- da sentença em liberdade, por possuir endereço fixo e atender a todos os chamados judiciais.
A denúncia aponta que o casal foi a um pagode para celebrar o Dia dos Namorados. No local, Daniel e Katiane teriam ingerido bebida alcoólica e usado cocaína. De acordo com o Ministério Público, o homem ficou enciumado pela forma como ela dançava.
Ainda segundo o MP, o casal acabou indo para outro bar, onde o réu teria ouvido relatos de que a mulher gostaria de se separar. Depois, em casa, após uma discussão, conforme a denúncia, Daniel teria esganado Katiane. A casal morava junto no Setor Santa Helena desde novembro de 2015.
Depoimentos
Dois irmãos de Katyane foram ouvidos como testemunhas. O primeiro foi Marcos Antônio Silva. Ele afirmou que a família, que mora no Maranhão, soube do crime por meio da ligação de uma vizinha.
“Ela ligou para a minha mãe para avisar que a Kátia tinha morrido. Depois ficamos sabendo que, após o crime, ele ligou para outra vizinha e disse que tinha “feito besteira”, afirmou.
Em seguida, foi a vez de Dayane Silva. Ela confirmou que a notifica chegou por meio de uma vizinha e que o relacionamento dos dois era conturbado, chegando, por algumas vezes, ocorrer agressões por parte dele.
“A convivência dos dois não era boa. A gente pensou que eles viriam para cá [Goiânia] para trabalhar por uma coisa melhor. Minha mãe era contra, mas ela quis vir [começa a chorar]. Ficamos sabendo que ele já tinha agredido ela, que era muito ciumento. Ela não podia falar nem bom dia pra um vizinho na rua”, lamenta.
Crime e prisão
Na época do fato, o delegado Francisco Costa, da Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH) disse que o jovem negava o crime em depoimento.
“Todas as vezes que eles bebiam e usavam drogas, acabavam discutindo e brigando. O Daniel sentia um ciúme doentio pela namorada. No dia 12 [de junho] eles saíram para comemorar o Dia dos Namorados e foram em um pagode, eles ingeriram bebida alcoólica, usaram drogas e discutiram. Em seguida, foram a um bar, ingeriram mais bebida alcoólica e usaram cocaína. Depois foram para a casa e, novamente discutindo, o Daniel acabou estrangulando a Katiane”, afirmou o delegado.
De acordo com o delegado, após estrangular a companheira, Daniel fugiu para o município de Açailândia (MA), cidade natal dele e da vítima. Desde então, ele era procurado pelas polícias de Goiás e do Maranhão. No dia 12 de julho, o suspeito se entregou à polícia na capital goiana.
Costa afirma que o suspeito, antes de fugir, passou na casa de uma vizinha que estava com a filha de Katiane, de 6 anos, e disse que iria fazer uma viagem rápida com a companheira. Depois, o próprio rapaz comunicou o crime para vizinhos e familiares da vítima.
“Ele matou a Katiane, passou na casa de uma vizinha e disse que ia viajar para Pirenópolis com ela, só que, na verdade, ele tinha fugido para o Maranhão. Logo depois ele ligou para esta mesma vizinha e disse que tinha ‘feito besteira’, que era para acionar a polícia para localizar o corpo, foi aí que a gente achou a vítima”, relatou o delegado.
No entanto, ao ser ouvido pela polícia, o suspeito negou que tenha matado a companheira. “Daniel confessa que segurou o pescoço dela com força e que jogou ela na cama, mas não para matar. Ele afirma que ela estava com vida e que disse a ele que ia cheirar toda a cocaína, caso ele fosse embora. Ele disse que não deu bola e correu, foi embora da casa”, contou o delegado.

G1 Goiás.